JEJUM PRÉ-OPERATÓRIO
O jejum pré-operatório é fundamental para o ato anestésico-cirúrgico e tem como objetivo o estômago estar vazio.
A não obediência ao jejum pode resultar em broncoaspiração, que é a regurgitação do conteúdo do estômago para dentro do pulmão, o que pode levar a um quadro de pneumonite química (substância ácida no pulmão) ou até uma pneumonia.
O quadro clínico resultante desta complicação se caracteriza por falta de ar (dispneia), prolongamento da internação e risco de complicações mais graves.
QUANTO TEMPO DEVE SER O JEJUM?
O tempo de jejum necessário está diretamente relacionado com o tipo de alimentação em questão, onde quanto mais sólida e difícil de digerir, maior será o tempo. Nesse caso, o recomendado pela literatura médica é o seguinte:
– Jejum de 8 horas: Alimentação completa, Dieta via sonda enteral ou via Gastrostomia. Ou seja, refeição do café da manhã, almoço ou jantar. Isto é: Carnes, feijão , arroz ou derivados de leite, bebidas a base de soja (suco ou leite).
– Jejum de 6 horas: Alimentação leve (lanche): Biscoito água e sal, torradas (pequena quantidade).
– Jejum de 2 horas: Líquidos claros: Água, café preto, chá (até 200 ml).
E O JEJUM PARA CRIANÇA?
O jejum para a criança segue as mesma regras, entretanto, um aspecto peculiar é acerca do aleitamento materno e do leite de fórmulas ou animal. Recomenda-se o seguinte tempo de jejum:
– 8 horas: Alimentação completa
– 6 horas: Leite de fórmula (em pó) ou de vaca
– 4 horas: Leite materno
– 2 horas: Água (até 100 ml)
Outro aspecto importante que pontuamos é o jejum prolongado, ou seja, aquele além do intervalo de tempo recomendado que pode trazer prejuízos, incluindo:
– Desidratação, náuseas e vômitos; Atraso na recuperação e maior tempo de internação hospitalar.
Portanto, o pensamento que “quanto maior o tempo de jejum, melhor será” está errado e assim devemos seguir o tempo recomendado, nem mais e nem menos.
E NAS CIRURGIAS DE URGÊNCIA OU EMERGÊNCIA SEM TEMPO PARA O JEJUM?
Nesses casos, o jejum não poderá ser aguardado devido a urgência do caso, portanto, ainda que o paciente não esteja em jejum, o ato anestésico-cirúrgico será realizado.
Deve-se ter especial atenção com a proteção da via aérea, através da intubação orotraqueal em sequência rápida ou até mesmo acordado, caso se faça necessário.
Nos casos em que uma raquianestesia já é o suficiente, tipo em uma fratura exposta de membro inferior, não será realizado a sedação, pelo risco de broncoaspiração.
QUAL TEMPO NECESSÁRIO PARA O RETORNO DA ALIMENTAÇÃO?
O tempo para retorno da alimentação irá depender do tipo de anestesia e cirurgia que foi utilizado e não pode ser generalizado para todos os procedimentos.
Feito tais considerações, recomenda-se que este tempo seja o mais breve possível, atentando para a segurança do paciente.
Esse texto objetiva informar as pessoas de forma didática e popular acerca da anestesia e da cirurgiaE
Escrito por: Dr. Lyezide Monteiro (médico anestesiologista).
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