ANESTESIA PARA CESÁREA
A cesariana é o procedimento cirúrgico mais realizado no mundo. A anestesia para a cirurgia cesariana gera ansiedade e medo para muitas gestantes, casal e seus familiares.
A evolução da anestesia nos últimos cem anos possibilitou os avanços nas diversas especialidades cirúrgicas, incluindo a realização da cesariana.
Sem esses avanços, a dor gerada pelo procedimento seria insuportável, mas graças às técnicas anestésicas disponíveis, essa cirurgia é feita sem dor e, portanto, sem as suas consequências deletérias.
A anestesia “na coluna”, ou seja, a raquianestesia e/ou peridural são as técnicas elegíveis com maior frequência devido aos seus muitos benefícios, os quais comentaremos.
A anestesia geral é uma possibilidade, embora restrita a situações onde a raquianestesia ou peridural não foram realizadas, seja por dificuldade técnica ou contraindicação.
É PRECISO ESTAR DE JEJUM?
Sim, a gestante deve estar de jejum para minimizar os riscos de náuseas e vômitos, assim como o risco de broncoaspiração (secreção do estômago para dentro do pulmão).
O tempo de jejum deve ser de oito horas para refeição completa (carnes, feijão), de seis horas para alimentação leve (torrada; biscoito água e sal) e de duas horas para líquidos claros até 200ml (água, café preto).
O PASSO A PASSO…
Realiza-se o protocolo de cirurgia segura, como confirmação da paciente, problemas de saúde, alergias, jejum e a equipe se apresenta à gestante.
Senta-se a paciente na maca cirúrgica e se monitoriza a pressão arterial, frequência cardíaca e oximetria de pulso, punciona-se uma veia periférica calibrosa e se administra o antibiótico, seguido da raquianestesia.
RAQUIANESTESIA OU PERIDURAL: O QUE SÃO E COMO SÃO FEITAS?
A raquianestesia/peridural consistem na administração de um anestésico local, associada a outras medicações no espaço subaracnóideo e epidural da medula espinhal, respectivamente.
A anestesia promove um bloqueio temporário de todas as sensibilidade e do movimento nas áreas inferiores do corpo.
Faz-se a anestesia com a paciente sentada ou deitada de lado, e a injeção dos anestésicos ocorre na região lombar das costas.
O médico anestesiologista é o responsável pela realização da raquianestesia ou peridural de forma segura e eficaz.
Dentre as vantagens da raquianestesia, pode-se destacar:
– técnica simples com bloqueio rápido e profundo, associado a menores taxas de falha;
– lembrança do nascimento;
– analgesia pós-operatória eficiente;
– menor risco de sangramento.
Elenca-se como desvantagens: maior risco de hipotensão e consequentemente de náuseas e vômitos, sensação de imobilidade, tremores e manutenção da sensibilidade ao toque (propriocepção).
Já a peridural tem como benefícios: menor risco de hipotensão e portanto de náuseas e vômitos, manutenção da consciência, analgesia pós-operatória eficiente e menores taxas de sangramento.
Pode-se colocar como desvantagens, o fato de ser uma técnica mais elaborada, com instalação mais lenta e a sensibilidade ao toque mais intensa, embora sem dor alguma.
E A ANESTESIA GERAL?
Colocamos como possíveis benefícios: as menores taxas de falha e a ausência da sensação do toque. Em contrapartida, as desvantagens são muitas, incluindo-se:
– maior risco de broncoaspiração, intubação orotraqueal difícil, sangramento e morte;
– risco aumentado de náuseas e vômitos ao despertar;
– inconsciência e falta de lembrança do nascimento;
– analgesia pós-operatória menos eficiente
RECUPERAÇÃO DA RAQUIANESTESIA/PERIDURAL
A recuperação da raquianestesia/peridural ocorre dentro de poucas horas após a sua instalação, com retorno completo das funções sensitivas e motoras da área anestesiada, sem nenhuma sequela.
Permanece uma analgesia bastante satisfatória, graças a utilização de morfina na coluna.
Pontuamos que este é um momento único de muita felicidade para a mulher, o casal e seus familiares.
Cabe a equipe multidisciplinar, responsável pelos cuidados, realizar medidas para diminuir o medo e ansiedade que estão presentes diante de uma anestesia e/ou cirurgia, e assim possibilitar uma experiência agradável e inesquecível.
Escrito por: Dr. Lyezide Monteiro (médico anestesiologista).
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